I SEMINÁRIO
REGIONAL DA REDE DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS E EDUCAÇÃO
“A educação
sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”
Paulo Freire
O Primeiro Seminário Regional da Rede de Medidas
Socioeducativas e educação ocorreu no Município de São Leopoldo com a
apresentação da Rede de São Leopoldo e Novo Hamburgo, a relação que
estabelece com a educação e a inserção
dos jovens na comunidade escolar.
Refletimos sobre o processo de formação, que é
diferente de processo de punição, e que a sociedade tem que se transformar para aceitar o diferente, entender o contexto
que o jovem está inserido e não olha-lo como uma ilha, pensar uma realidade
socioeducativa tendo como pano de fundo
uma sociedade que entenda e acolha este jovem.
O Ministério Público trouxe a
realidade dos atos infracionais mais graves como sendo cometidos por
jovens que estão fora da escola, salientando
que estamos perdendo tempo em não investirmos nestes adolescentes que estão
fora da comunidade escolar.
O tema que a Educação debateu é que não se consegue
dar conta de todas as necessidades dos adolescentes inseridos na escola.
Problematizou “que necessidades são estas”. A escola tem o papel de acolher e incentivar a permanência
do aluno na mesma. Também evidenciou
que a educação integral é o conjunto formado pela educação escolar mais
educação na família, que constroem juntos os valores universais, valores de
limites, valores de respeito. E a educação não pode ser discutida sozinha,
existe a necessidade da família se envolver nos debates, fóruns e seminários.
Na relação entre adolescência e socioeducação, a
palestrante Míriam Lemos traz em seus relatos
que o processo de expansão na escola está degradada, por ela não saber
lidar com os sujeitos que estavam fora do espaço educacional e o distanciamento
destes sujeitos da linguagem escrita. Foi pensada uma expansão do ensino
público, mas não foi pensado que os sujeitos se transformam e que os sujeitos
de hoje são diferentes aos dos anos anteriores.
Mírian continua a sua reflexão: "Para quem esta escola
serve hoje? Para um público que no passado não tinha o direito ao acesso".
As pesquisas demonstram que dos anos 70 até hoje, o nível de escolarização é crescente, mas permanecem as mesmas diferenças de gênero
e raça. O maior índice de escolarização está no
sexo feminino e branco, seguido pelo masculino e branco, em terceiro lugar o
gênero feminino negro e o sexo masculino e negro, em último lugar.
Uma das conclusões de Mírian é a de que os jovens
brasileiros estão mais próximos do mundo do trabalho do que da escola.
A palestrante
Beatriz Aguinsky problematiza a
socioeducação como não sendo uma transferência
entre políticas, que este tema está
relacionado à complexidade das relações, e que toda sanção tem direitos
suprimidos. Destacando três desafios:
1º) Entender a adolescência em conflito com a lei, que as
vezes começa na infância, e a condição atual que nos encontramos, também em
conflito com a lei quando não executamos o ECA;
2º) Superar as simplificações e
juízos apurados de valor e
3º) Entender o fenômeno da justiça do
social.
Beatriz conclui que o ideal seria que passássemos de uma sociedade punitiva para
uma dialógica, defendendo o diálogo como
recurso indispensável no processo de educação, de forma que, todos devem ter
direito à fala em uma relação de mútuo respeito.